Nesse episódio descrevo e comento os principais artigos derivados do estudo CATIE - “Clinical Antipsychotic Trials of Intervention Effectiveness” – concebido, patrocinado e realizado pelo NIMH, com o intuito de verificar a efetividade de antipsicóticos de segunda geração em comparação com um de primeira geração. Seus resultados, alguns surpreendentes e outros previsíveis, enriqueceram os debates sobre a eficácia relativa dos antipsicóticos e nosso entendimento sobre seu valor terapêutico e as verdadeiras diferenças entre os diferentes tipos de medicamentos dessa classe.

O livro “Psicopatologia Geral”, de Karl Jaspers, pode ser incluído na lista dos muito falados e pouco lidos, mesmo tendo sido o que instituiu um novo paradigma para a nossa especialidade. Ele não é apenas um grande livro de psiquiatria, mas sim um compêndio de ideias que marcaram a transição de Jaspers para a Filosofia, área do conhecimento à qual se dedicou até o fim da vida. Também é considerado um mapa intelectual, um guia para uma série de áreas distintas, mas relacionadas, do conhecimento.

A psicoterapia interpessoal é uma abordagem psicoterápica breve que visa aliviar o sofrimento causado pelo transtorno mental e melhorar o funcionamento interpessoal do paciente. Seu foco específico é nos relacionamentos interpessoais, com o objetivo de ajudar o paciente a melhorá-los, mudar suas expectativas a respeito deles e auxiliá-lo a incrementar seu suporte social. Ela é uma das poucas abordagens psicoterápicas submetidas à validação da eficácia em ensaios clínicos controlados, inclusive em combinação com tratamento medicamentoso.

Inauguramos hoje uma nova seção do PQU Podcast: entrevistas com profissionais de reconhecida competência em psiquiatria, psicofarmacologia, psicologia e filosofia. O primeiro entrevistado é Maurício de Assis Tostes, médico do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) e organizador do livro “Desencontro do médico com o paciente. O que pensam os médicos?” (2014), que aborda de maneira inédita, criativa e abrangente a questão da relação médico-paciente nas suas diversas facetas.

O STAR*D, cuja tradução livre seria “Alternativas sequenciais de tratamento para aliviar a depressão” foi um grande estudo multicêntrico idealizado com a intenção explícita de preencher a lacuna existente entre a pesquisa e a clínica no que diz respeito ao tratamento medicamentoso de pacientes ambulatoriais com depressão recorrente e sem sintomas psicóticos. Ele forneceu dados empíricos robustos, uma vez que derivados de acompanhamento de pacientes bem parecidos com os que vemos na nossa prática, que passam a subsidiar decisões do cotidiano de um consultório psiquiátrico.

Raciocínio clínico é o que faz o médico com as informações obtidas da anamnese do paciente realizada com interesse e método para compreender o conjunto de queixas e a cronologia do quadro clínico que ele apresenta. O conhecimento teórico, a experiência, a entrevista psiquiátrica e a relação médico-paciente subsidiam o raciocínio clínico do psiquiatra. Ele, o raciocínio clínico, por sua vez, conduzirá ao diagnóstico passando pela formulação de caso.