William Osler é um dos ícones da medicina, sendo inclusive por alguns referido como o pai da medicina moderna. Em 1889, no discurso de despedida da Universidade da Pensilvânia, intitulado “Aequanimitas”, destaca duas características do médico necessárias para a boa prática clínica, para o bom desempenho na vida em geral e que contribuiriam para o sucesso profissional tanto quanto auxiliariam no trato com os infortúnios e insucessos. São elas a imperturbabilidade e a equanimidade.

Em um simpósio de psiquiatria aqui em Ribeirão Preto, há muitos e muitos anos, eu coordenava uma mesa redonda sobre classificação em psiquiatria quando pela primeira vez ouvi a analogia entre classificações psiquiátricas e salsichas: ninguém sabia direito o que tinha nelas e nem como eram feitas. Não é verdade que não se sabe o que uma classificação psiquiátrica contém. Transtornos mentais, obviamente, conforme sua concepção na época em que foi feita a elaboração nosológica. Apesar das críticas aos sistemas de classificação atuais, DSM-5 e CID-11, mostramos nesse episódio que ainda não foi encontrada uma alternativa à altura do que já temos.

Por que e como a mente adoece? Esta é uma pergunta com a qual nós clínicos nos deparamos diariamente. Kenneth Kendler publicou um artigo em 2008 no American Journal of Psychiatry intitulado “Modelos explicativos de transtornos psiquiátricos” em que discute suas ideias sobre como podemos entender o processo do adoecimento mental. Longe de dar uma resposta definitiva, o professor e pesquisador propõe um modelo bastante útil. Vamos às ideias de Kendler!

Neste episódio apresento algumas curiosidades históricas e informações básicas sobre o ensaio clínico. Um mínimo de conhecimento sobre o que é e para que serve um ensaio clínico, fonte mais confiável de informações válidas para a pesquisa e a prática clínica, é absolutamente necessário para que se possa ler, compreender e interpretar um artigo científico relacionado ao assunto.

Nesse episódio apresento e comento a segunda edição do livro “The perspectives of psychiatry”, de Paul McHugh e Phillip Slavney, professores da Johns Hopkins School of Medicine, de 1998. Sua proposta pluralista para a psiquiatria, inspirada na fenomenologia de Karl Jaspers, é considerada muito válida por conta do rigor metodológico com que trata as observações; de seu ecumenismo, desapegada de correntes ou partidos científicos; e do ceticismo necessário para se lidar com propostas simplistas para problemas complexos.

A psicoterapia interpessoal é uma abordagem psicoterápica breve que visa aliviar o sofrimento causado pelo transtorno mental e melhorar o funcionamento interpessoal do paciente. Seu foco específico é nos relacionamentos interpessoais, com o objetivo de ajudar o paciente a melhorá-los, mudar suas expectativas a respeito deles e auxiliá-lo a incrementar seu suporte social. Ela é uma das poucas abordagens psicoterápicas submetidas à validação da eficácia em ensaios clínicos controlados, inclusive em combinação com tratamento medicamentoso.

Raciocínio clínico é o que faz o médico com as informações obtidas da anamnese do paciente realizada com interesse e método para compreender o conjunto de queixas e a cronologia do quadro clínico que ele apresenta. O conhecimento teórico, a experiência, a entrevista psiquiátrica e a relação médico-paciente subsidiam o raciocínio clínico do psiquiatra. Ele, o raciocínio clínico, por sua vez, conduzirá ao diagnóstico passando pela formulação de caso.